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sábado, 30 de junho de 2012

As chaves do meu futuro 30/06/12

As chaves do meu futuro
Minha mãe novamente me encaminha para o Mello Viana, na primeira segunda feira eu fui muito chateado, por que tinha perdido o gosto de estudar, por não ter me dado muito bem no pavilhão principalmente com a professora Carioca, ela não ensinava legal seus alunos e por isso fiquei chateado não mais querendo ir estudar, mas fui assim mesmo.
Lembro-me que no primeiro dia, ficamos em um pátio que existia, esperando pela diretora com os professores para dar continuidade.


Este pátio era mais fundo que as classes e havia um corredor que ligava todas as salas de aulas.
Ali no pátio muitos alunos de todos tamanhos e idade, acho que deveria ser para mais de trezentos era um zunido só de falas.
Todos fazendo amizades uns com outros e se conhecendo, pois tinham muitos que vieram de escolas rurais.
Como todos do pavilhão onde fiquei por quase oito meses sem aprender nada.
Ficamos das sete e quinze as nove e meio até a chegada da diretora.
Eu já tinha falado com vários conhecidos e com Rosa a antiga companheira de carteira no pavilhão.
Ainda pensei e disse a ela será que vamos ser da mesma classe.
Ela me disse, acho que nunca mais; estou em sua frente de ano, acho que aqui vai ser diferente do pavilhão.
Ela até me perguntou por que tinha deixado de ir à escola, eu contei que não estava gostando mais de estudar, porque a Carioca só passava letras e eu não aprendia nada, foi isso..
Ela me disse, mas temos que estudar para sermos alguém um dia, assim diz minha mãe.
Na hora pensei e não disse nada, também é filha de gránfino tem de um tudo, não é como eu que nem caderno de linha tem.
Passou isso pela minha mente, mas não disse nada, fiquei em silencio por um bom tempo.

Então a diretora chegou e já foi dizendo em tom forte.
Bom dia a todos e silencio mulheres de um lado e homens de outro.
Foi uma correria para se organizar como ela disse.
Já todos separados, ela a diretora fica olhando por um tempo todos e diz com uma voz ainda mais forte.
Quero que os grandes fiquem no final e os pequenos na frente.
Mais, uma correria para se ajeitar tudo, depois da correria, ficou como a diretora pediu, vendo que estávamos em organização ela começou então a dizer.
Bem para quem não me conhece, meu nome é Violánte, como todos sabem a escola Mello Viana passou por reformas, e agora vai entrar a todo vapor no ensino.
Alguém gritou.
Silencio, mais um grito eu coloco todos vocês sentados de castigo uma hora, já pedi e não gosto de falar muito.
Bem como ia dizendo, estão aqui para aprender, uns para continuarem outros para iniciarem o aprendizado.
Pois bem, eu detesto que um professor venha até mim dizendo alguma coisa de algum aluno, não tolero desordens, portanto, se não quiser aprender a porta é serventia da casa.
Isto que estou dizendo é para o bem de todos, mais uma vez; silêncio.
Como tinha dois conversando muito alto atrapalhando, me lembro daquele primeiro exemplo que a diretora nos deu.
Ela parou por um instante, depois disse a eles, vocês dois, já para aquela sala e me espere lá, e agora, quero terminar de falar com todos e vocês dois não sabem o que é respeito, subam já.
Todos que estavam ali ficaram quietos, como se tivesse passado um furacão derrubando os sons das vozes.
Saindo os dois, ela continuou explicando para todos os presentes.
Dona Violánte era uma mulher de pouco mais de cinqüenta anos, de estrutura media e bem magra, mas muito alinhada.
Ela continuou dizendo.
Eu quero que respeite uns aos outros, quero que concentrem nas aulas, respeitem a cima de tudo seus protetores, pois não gosto de reclamação de nenhuma parte.
Aqui estão para aprender e terão que aprender aquele que não veio para este fim, que pede para sair enquanto é tempo.
Vou agir conforme o direito que tenho.
Vocês estão me entendendo.
Não quero badernas, não quero desavenças entres vocês, está casa aqui é como se fosse uma igreja.
Ela é de manter freios, de ensinar, de transformar, de respeito aqui é o inicio para se ter um bom fim.
Agora, as professoras e professores virão fazer as chamadas de seus alunos, vocês os seguiram até suas classes e uma boa sorte a todos e que Deus os protegem.
Aquilo talvez fosse uma das coisas mais fortes que ouvi, não porque achei que dona Violánte fosse má, mesmo eu sendo de pouca idade achei ela com um poder enorme e com firmeza no que dizia.
Ela então saiu.
Todos nós aguardamos a chegadas dos professores, assim chegou o primeiro e fez a chamada por nomes de seus alunos.
Os primeiros a deixar o pátio foram os que já estavam, acho que no quarto ano, depois o terceiro, segundo e a nossa vez, os de primeiro ano.
Primeiro veio uma professora bem miudinha e fez a chamada de seus alunos, logo em seguida um professor também fez sua chamada e eu fiquei com mais uns vinte, acho que foi isso.
Ai sim chegou quem seria minha professora para o resto do ano, era ano de mil novecentos e sessenta e cinco.
A professora chegou e não fez chamada, simplesmente disse me acompanhem, vocês são meus de hoje em diante.
Lembro-me que subimos à rampa e entramos na classe - a, sala nove.
Entramos na sala e cada um procurou um lugar, eu sentei bem perto da janela, já estava talvez com má intenção.
Ali já notei muita diferença do pavilhão onde comecei estudar, se bem que lá não foi de fato o começo da minha aprendizagem.
Minha aprendizagem seria no Mello Viana, “o começo”.
Pois naquela sala, as carteiras não eram de dois em dois; que diferença do pavilhão!
A professora ficou em pé durante todo tempo em que estávamos nos organizando em nossas cadeiras, já todos sentados ela disse.
Silencio e um bom dia a todos e sejam bem vindos.
Meu nome é Sônia e de hoje em dia vou fazer o melhor de mim, para que aprendem o que me foi encarregado de ensiná-los.
Mais uma vez quero silencio, não gosto de ficar repetindo isso, portanto aqui dentro quem manda só eu.
Como hoje é o primeiro dia quero conhecer um a um, vou fazer a chamada e quero que fique de pé quando disser seu nome.
Meu Deus; eu pensava que diferença, mas ainda não tinha visto nada.
Dona Sônia começou a chamada pelo a, Antonio e assim foi até o meu, cada nome que ela dizia, o aluno ficava em pé e ela disse olhe para todos os seus coleguinhas de classe.
Bem de inicio achei aquilo um pouco esquisito e que diferença da professora dona Carioca, que nem mesmo falava com os alunos.
Dona Sônia continuou sua chamada, deveria ser onze horas, então não faltava muito para o termino do primeiro dia.
Eu pensei na hora acho que vai ser como lá no pavilhão, tudo é igual, não vou aprender nada, ate agora estamos por conta de diz que me diz e informação.
Então ouvi meu nome, como estava um pouco distante em meus pensamentos, ela teve que dizer duas vezes.
Levantei-me rapidamente e disse presente e olhei para todos os que seriam daquele momento meus colegas de classe.
Terminando a chamada, achamos que teríamos pelo menos uma pequena aula, mas não, dona Sônia levantou e veio devagar pelo corredor da esquerda das carteiras, parando de aluno por aluno.
E perguntando o nome do aluno novamente e também a idade, nome dos pais e algumas outras coisas, ela estava mesmo querendo se integrar com seus novos alunos.
Quando ela chegou ate mim, ela disse como você se chama, sua mãe vem trazer você aqui na escola.
Eu respondi um pouco tremulo e tímido que vinha sozinho.
Ela não tinha ao menos um sorriso, achei de fato esquisito, mas o que ela me perguntou eu respondi.
Ela ainda me perguntou onde está seu material escolar.
Meu Deus, que vergonha devo ter ficado, ao mostrar meu caderno novinho que minha mãe tinha feito com folhas de pão, ela não disse nada na hora.
Ainda me perguntou onde eu morava, respondi moro em uma chácara do senhor Homero.
A, é perto; ela disse.
Então ao sair para o aluno da frente, virou se e disse, olha você troca de lugar com o Otávio, vi que Otávio não gostou muito, mas como ela mesma disse, ela era quem mandava.
Levantei-me e fui para a carteira da frente e bem em frente à mesa dela, nossa pensei na hora, não vou poder nem me agachar se for preciso, ela esta bem em cima de mim.
Dona Sônia terminou de passar por todos os alunos e foi até o quadro negro, pegando um giz grosso e de cor vermelha dizendo.
Olha vou escrever aqui umas palavras e vou repeti-las por varias vezes, para que guarde na mente, o que vai ser para vocês esta sala de aula.
Sei que ainda não sabem ler, mas quero que ouçam bem o que isto vai significar para vocês.
Dona Sônia escreveu em letras bem grandes no quadro negro.
Aqui nesta sala estão as chaves do meu futuro.


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