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domingo, 6 de maio de 2012

Meu amigo cigarro. 06/05/12

Meu amigo cigarro.
        Como eu adoro fumar, o cigarro para mim é como que se fosse um calmante.
Se eu estou triste logo acendo um e me esqueço que estava jururu.
Como também se eu estiver totalmente alegre, acendo o meu amigo de morte rápida e com isso ainda mais contente fico.
         O companheiro amigo cigarro é de fato um sedativo para satisfazer tanto do lado da ansiedade como da exultação de estar somente com ele na boca e sentindo o gosto um pouco abrasado e fedido.
O companheiro de tantos anos pode não ser de cheiro agradável, mas está sempre prontinho para deixar-me esvaziado dos loucos pensamentos quando os tenho.
         Companheiro desde quando eu tinha meus sete anos de idade, me lembro que o peguei pela primeira vez em minha vida em uma noite de muito calor e de muito pernilongo enchendo o saquinho.
E desde então jamais deixei o meu companheiro e isso foi por volta do ano de mil novecentos e trinta e seis, e de lá para cá ele foi sempre presente em minha vida.
Passamos por muitas coisas horríveis, mas sempre um ao lado do outro, como também quando ia à escola na entrada acendia um e enquanto não terminava não adentrava para sala, ficava doido para chegar o recreio só assim eu teria uns minutinhos para saciar-me com meu colega de sempre.
Ainda pensava companheiro é companheiro tendo ele e o fogo no bolso nunca falha uma dor de cabeça ou mesmo um começo de febre ele derruba por terra.
Sempre está pronto para não deixar-nos sair do corpo esbelto, pois ele é redutor da gula, então é ou não um companheiro.
         Lembro-me quando comprei meu primeiro carrinho um fusquinha, meia sete e como fui feliz naquele tempo, pois eu e o companheiro cigarro estávamos em muitas noitadas de alegrias.
         Ainda sinto o cheiro do assento queimando de vez em quando caia uma faísca do meu companheirinho e com isso o banco do fusca ficou cheio de buraquinhos e quantas calças eu também queimei com o bater das cinzas.
         Mas essas coisinhas nem era significantes, pois o meu cúmplice sempre aliviava tudo na hora certa, quantas cervejas eu tomei com meu amigo na ponta dos dedos, e como também servi tantos com meu inseparável companheiro.
         Às vezes eu ia passando perto de algum desprotegido pela vida e este me pedia um cigarro, eu nunca dizia não, lembro-me de uma ocasião que ia atravessando uma avenida de uma cidade grande quando um desses pediu-me uma ponteira, como chamou meu companheiro cigarro.
Como eu nunca dizia não, ao tirá-lo do bolso fui atingindo por um chute de pé bem no saco e caindo, o desprovido levou todo meu dinheiro e os documentos.
         Mas assim é a vida, um dia toma outro perde isso não importa o mais importante é estar vivo, vivendo dentro do viver e seja ele qualquer modo de vida.
         Passou então mais de sessenta anos de convivência com meu inseparável companheiro cigarro, mas há pouco tempo recebi de meu filho um carro um pouco mais novo para dar-me as voltinhas pela vila, como de costume.
         Só que o tempo faz com que perdemos agilidade de locomover rápido, e não percebendo que o vidro da porta do automóvel estava fechado joguei o bira do cigarro e ele voltou no meu colo e começou queimar-me.
         Não sei direito o que houve, agora tento alcançar meu companheiro de mais de sessenta anos e não estou conseguindo.
Vejo que ele está bem próximo a mim, como sempre no bolso da camisa junto com o fósforo, mas não sei por que meus dedos não alcançam o maço e eu estou impaciente quero tirar uns tragos para ver se consigo dormir estou tão cansado.



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