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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Desabar da morte 25/04/12

Desabar da morte

         Senhor Jose e Dona Conceição eram sitiantes em nossa região, eles tinham cinco filhos sendo três garotos e duas meninas.
         Os três meninos tinham na faixa de doze a nove anos, as garotinhas tinham uma sete e á outra cinco anos.
Senhor Jose e Dona Conceição trabalhavam feitos loucos, para não deixar nada faltar para os filhos.
         Octávio, Carlos e Ramon sendo os mais velhos ajudavam muito o pai na lavoura e a menina Rute auxiliava muito sua mãe na cozinha e nos outros afazeres de casa.
Já Nelzinha como era chamada a caçula ficava em torno de sua mãe.
         A vida de Dona Conceição não era fácil, começava a lida bem cedinho, por volta das quatro horas da manhã, ela levantava ia para a cozinha e acendia o fogão a lenha e colocava a água ferver para fazer o café, pois a água adormecia na rabínha.



         Enquanto a água a fervia ia à bica, escovava os dentes, lavava o coador, feito de saco de linho, voltava para cozinha preparava uma massa de bolinhos de polvilho ou de fubá e isso eram todos os dias sem descanso, de domingo a domingo, depois ela chamava seu esposo e os três filhos mais velhos.
         Assim que todos se alimentavam no café da manhã e retiravam-se, Dona Conceição também saía para o terreiro onde tratava dos animais, começava indo ao paio debulhar milhos para as galinhas, em seguida levava um balaio de espigas de milho para os porcos do mangueirão.
         Logo após ela entrava no chiqueiro, lavava-o e depois colocava trato de fubá grosso com água e sal, fazendo assim um mingau forte.
         Essa batalha era sem para e isso sempre era feito antes das seis horas da manhã, pois as seis e meio ela ia levar o leite na linha mais próximo, para o caminhão pegar.
         Essa peleja sempre foi feito por Dona Conceição, pois o senhor Jose era quem tirava o leite junto com seus filhos, depois ia para a lida na lavoura, senhor Jose não tinha muita saúde, mas sempre foi firme no que lhe incumbia.
         A guerra que eles tinham não era para qualquer um e sim para quem tem tutano nos braços.
Dona Conceição quase que sempre virando se em dez para aguentar o monte de tarefas que para ela era designada, mesmo sofrendo permanecia sempre alegre.
         Dona Conceição estava sempre com um sorriso aberto, e sua expressão contente contagiava qualquer um.
Além de ela ter a alegria estampada vivia sempre cantando e encantando a todos.
         A luta daquela família não era mole e começava desde cedinho com Dona Conceição, senhor Jose e seus três filhos mais velhos e em seguida a menina Rute, mesmo tendo apenas cinco aninhos a menina Nelzinha já ajudava a mãe sempre com pequenos que fazeres.
         Essa rotina por todos era normal, mas sempre muito unidos em tudo tanto no sitio como na vida pessoal, uma união que dava inveja, os meninos com suas responsabilidades e as duas meninas também, não se via ou ouvia uma discussão sequer entre a família, uma linda vida familiar.
         Mas tudo um dia nesta vida tem fim, e ninguém esperava por aquilo que viria acontecer.
Na sexta-feira santa, o senhor Jose como de costume não tirava o leite, deixava os bezerros soltos com as mães, assim somente apartava a bezerrada às três da tarde da sexta-feira, para novamente tirar o leite no sábado da aleluia.
         Então senhor Jose aproveitava e ficava deitado até mais tarde, como também os meninos ficavam na cama, mas Dona Conceição tinha as tarefas normais, menos levar o leite a estrada.
         Mesmo assim Dona Conceição levantou por volta das seis horas da manhã fez o café fritou um pouco de bolinhos, deixando-os na mesa e saiu para sua lida.
         Dona conceição foi até o paio como sempre debulhou milhos para as galinhas, depois jogou o balaio de espigas para os porcos do mangueirão e entrou no chiqueiro, com o fubá e o sal para fazer o mingau e nesta sexta-feira santa estava chovendo bem fininho nem dava para molhar-se muito.
         Era então por volta das quinze para sete da manhã, quando Dona Conceição despeja o fubá no cocho que já continha água e ao esticar o braço para alcançar o sal que estava em cima da tabua leva-se então um escorregão e cai batendo a cabeça na ponta aguda do cocho.
         Com a batida que teve Dona conceição desmaiou e tendo furado um buraco em sua testa o sangue jorrou sem parar.
         Deus,
O sangue escorrendo e os porcos foram chegando para comer o mingau deu de encontro com o sangue de Dona Conceição, começam então por beber o sangue e um deu então uma primeira mordida, com isso todos os outros atacaram, rasgando partes de Dona Conceição.
         Nelzinha percebendo que sua mãe não havia chamado-a para ir com ela, sai em carreiras ate o chiqueiro e vê aquela cena triste, com todo desespero acordou todos, não teve mais o que fazer Dona Conceição já estava morta, estava com partes de seu corpo triturado pelos dentes de mais de vinte porcos grandes e famintos.

         Naquela sexta-feira santa foi o dia mais triste da vida de seis pessoas unidas, pai e filhos, pois a batalhadora de sempre havia tido o desabar da morte.

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