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domingo, 25 de março de 2012

Amor de roceiro.25/03/12

Amor de roceiro.
Eu presencievarias passagem nesta vida até hoje e guardo um pouco delas em minha memória osacontecimentos.
Sai daminha cidade e fui passear em uma fazenda do interior do estado de minas gerais.
Nem melembro bem quem foi que me fez o convite para ir a passeio, isso não é importante,o que importa de fato é o que presenciei ali naquela fazenda super grande.
Uma fazendade muito gado, grandes lavouras de cafés, canaviais, plantação de milhos, tambémexistia uma grande granja de frangos, mangueiro de porcos caipiras, noterreiro, galinhas caipira por toda parte, naquela fazenda não faltava nada.
Presenciei ali uma declaração de amor que jamais esqueci nessa minha vida ate este momento vivido.



Conheci umafamília de lavradores, sendo o senhor Toím, como era chamado o avô dos pequenosCláudio e Lucas, sua esposa dona Rute e a filha mãe dos meninos, uma família muitosimples e humilde por sinal.
Com pouca prosa, como se diz nointerior, eu já parecia ser de dentro da cozinha, o senhor Toím conversavacomigo como que se estivesse falando com um de seus filhos, pensei assim.
Mas com o passar dos dias vim descobrirque o senhor Toím e dona Rute só tinham tido a mãe de Cláudio e Lucas, os gêmeosde cabelos pretos como carvão e olhos azuis cor de céu e ela era mãe solteira,os meninos eram filhos do filho de um fazendeiro, ali mesmo de perto.
O rapaz nãoquis aceitar os filhos, sendo ele rico, fez o que fez abandonou a moça grávida,senhor Toím e dona Rute tendo pena da filha aceitaram e passaram então a criar ascrianças, que ate chamava os avôs de pai e mãe.
Muito bacanatudo aquilo, eu ouvia o senhor Toím falar-me, com cabeça baixa ouvia tudo e sempestanejar, hora levantava os olhos e adentrava aos seus e via que lagrimassaiam daqueles olhos cansados de lutar por vida melhor, mas mesmo assim aliestava uma lagrima de alegria por ter feito o que fez durante a vida toda.
Contava-me ele que desde que nasceuviverá ali naquela fazenda, pois seus pais trabalharam e casaram ali também e elenasceu e não mais saiu para nada, sua vida estava fincada naquelas terras,conheceu dona Rute ainda criança e com ele ela prometeu casar e casaram defato.
Depois de dois anos de união tiveram afilha única que se tornou mãe dos meninos, ela disse a eles que foi um poucoforçada, isso já não mais importava, pois senhor Toím e dona Rute sempre deramconta do recado e não era por falta de pai legitimo que os meninos não iam teramor de família.
Ainda medisse ninguém pede para nascer, mas nascendo tem que continuar vivendo e todosse quiserem pode controlar nascimento desordenado sem planejamento.
Eu perguntei algumas coisinhas aosenhor Toím, como por exemplo, quando ele ganhava, não que ele era obrigado ame responder, mas foi prontinho na resposta que me deu.
O que ganho aqui menino é suficientepara me manter de pé, tratar da minha amada, como também dos filhos que herdeida minha única filha sou grato por isso.
Aqui tenhouns porquinhos, umas galinhas, a pequena plantação de mandioca para farinha etrato de porco, como todo ano encho tudo ali de milho, arroz, feijão, abóbora emais alguma outra cultura, assim menino eu tenho meu salário, que não é muitogrande, mas também não é pequeno, para que possa passar fome.
Eu ouviatudo, íamos caminhando rumo a uma capelinha que havia no alto da colina,faltando uns quinhentos metros para chegar, eu olhei um pouco adiante e avisteidentro de uma grotinha um bicho caído dentro da pequena vala.
Então apontei,e o senhor Toím foi até o local onde o bicho estava, fiquei a certa distanciaolhando o que o senhor Toím iria fazer.
Ele chegouperto do valo e me disse é uma búfala e ela esta muito machucada, eu não queriair ate perto, quando ele me disse o bicho nem mais sai do lugar esta com muitoferimento pelo corpo e já com muitos bichos, pode aproximar-se.
Um pouco receado fui chegando devagarzinho,quando vi a situação da búfala fiquei com os olhos raso de lagrimas, por vertanto ferimento pelo corpo do animal e como tinha bichos nos ferimentos.
Perguntei entãoo que fazer o senhor Toím me disse você pode ir ate minha casa e trazer os remédiosde tratamento, vou sim respondi já saindo de imediato.
Era um pouco distante me lembro que devez em quando eu corria ladeira abaixo, peguei os apreteichos e volteirapidamente, sei que um dos meninos ainda quis subir comigo.
Conheci naquele homem o verdadeiro amorque um ser humano pode ter dentro de si, ao chegar à beirada da vala viu que osenhor Toím estava retirando os bichos de dentro dos ferimentos, percebi que odedo indicador da mão direita do senhor Toím estava todo sujo de pus e sangue,então perguntei, o que fez com os bichos.
Ele me respondeu: comecei retirando coma ponta de um pauzinho, mas estava demorando muito então entrei de dedo e arranqueiate o ultimo, agora é só fazer o curativo e todo dia voltar aqui até que amenina ai fique curada.
Fiquei por momentos olhando aquelesenhor e perguntei o que teria acontecido com aquela búfala, ele disse aqui temmuita onça de deve de ter atacado a noite, mas por sorte ele tinha uma bezerra acompanhante,sua salvação.
Isso faz muitosdias.
Que nada poucomais de cinco ou seis dias, é que aqui tem muita varejeira e com isso elasaproveitam e colocam seus ovos, mas descobrimos em tempo agora e curar até queela levante e depois la desce a para o curral.
Ela tevemuita sorte por duas vezes a primeira por ter sua bezerra e depois por você tervisto-a na vala, mas esta salva, ela não pode te agradecer, mas eu agradeço porela, obrigado.
Aquilo doeu meu coração, recebi umagradecimento vindo da alma de um roceiro que nem era dono daquela búfala, poisera de seu patrão filho do patrão de seu pai, que herdou a propriedade e mantevetodos trabalhando como no velho tempo de seus pais-avô.
Pensei fortedentro de mim, será que o fazendeiro reconheceria o que aquele senhor por nomede Toím fizera para uma vaca de toda uma criação, uma coisa era certa ali vi umamor, que nenhum dinheiro do mundo poderia pagar.
Cada coisa quepassava em minha mente ao ver os dedos do homem penetrar na carne podre ebichosa da búfala curando-a como que se fosse uma pessoa da sua família e abondade que se percebia.
Creio queficamos por umas três horas ou mais fazendo aquela ação, eu sabia que dois diasdepois iria embora daquela fazenda e naquele dia nem conheci a capelinha, poisse tornou noite e como ela estava bem ao alto da colina não mais dava para enxergaro trilho, com isso não subimos.
Mas não mais nem pensava noconhecimento da capela que muitos diziam ter recebidos milagre dentro dela, oque eu vi e senti foi maior que qualquer milagre, uma coisa talvez simples paraos roceiros, mas para mim foi à alma maior do amor.
Fiquei nafazenda os dias previstos por nós e acompanhando o senhor Toím cedo e a tardepara curar a búfala até minha partida, sei que depois de anos encontrei com um dosmeninos, Lucas em um supermercado, ele me disse que o seu avô havia falecido e tambémsua avó e que agora estavam residindo na cidade e trabalhando.
Então perguntei se ele lembrava da búfalae me disse que a vaca viveu por mais umas cinco crias e depois fora vendidapara produção de carne.
Aquilo foi umcoice em meu coração, pois tinha ainda em mente o dedo indicador daquele homemarrancando os bichos e fazendo os curativos naquela carne podre e bichenta.
Um homemcomo o senhor Toím deve de ter ido mesmo para o céu, se isto existe mesmo deverdade, pois nenhum dos que foi voltaram para dizer a verdade para os que aquiestão.
Sei queamor aquele senhor tinha, notei que existia dentro dele amor um amor perfeito edepois por ver aquela passagem, só faz uma coisa daquelas quem de fato tem Amornada mais que Amor para Amar.

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