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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Canário do Moirão 28/02/12

Canário do Moirão

Por volta do ano dois mil, mudou se para nossa rua um senhor por nome de Gerson, este senhor trabalhava como amolador de tesouras e alicates de unhas.
Sua vida de começo ao chegar por aqui não foi fácil, muitas das de vezes ele me disse que estava ate passando necessidades, mas ia tocando a vida do jeito em que recebia.
Lembro-me que o que mais ele gostava era de ir ao salão de forrós finais de semana e também gostava muito de ter pássaros, como canários do reino, além de ter feito uma horta de verduras no quintal, e poucas galinhas em um separado, era então com esses passatempo que ia vivendo.



Este senhor não tinha mais esposa, havia separado há anos atrás.
Dizia-me ele que tinha filhos e estes moravam em São Paulo e por ter separado de sua família, sendo então ele de minha cidade resolveu terminar seus dias por aqui.
A casa que o senhor Gerson residia era uma tapera, uma casa feita em mil novecentos e seis, e tinha até o numero do ano modelado a cima da vidraça.
Esta casa sendo comprada por um senhor que era dentista, resolveu dar a casa para moradia do senhor Gerson que eram muito amigos.
Gerson trabalhava na rua de cima em um pequeno salão que também foi oferecido a ele por uma prima.
À tarde depois do trabalho, Gerson tratava de seus canários e galinhas, além de irrigar a plantação de couve, almeirão e jiló.
Era essa vida do senhor Gerson, do trabalho para casa e sempre cuidando das aves e de sua hortinha.
Em dois mil e dois, o senhor Gerson vai fazer uma pescaria com seus amigos e vizinhos, Luis e Henrique.
Na volta dessa pescaria o senhor Gerson vê em um buraco do moirão da porteira, uma ninhada de canários da terra, tendo ali quatro filhotinhos, todos já empenados, prontos para voar, maso senhor Gerson nem pestanejou, trouxe os filhotes para cidade.
Continuou criando os canários, sendo dois casais, com todo carinho e amor, bem no começo de dois mil e três, como o senhor Gerson trabalhava e deixava as gaiolas dos pássaros na varanda.
Neste dia formou se uma ventania forte trazendo em direção da varanda uma chuva muito violenta atingindo-as gaiolas de todos os canários, matando os, restando somente um,sendo o canário da terra.
Por muito tempo o senhor Gerson ficou entristecido, com o acontecimento, mas ainda restava aquele sobrevivente da tempestade e aquele canário alegrava o com um cantar de arrepiar a alma.
Senhor Gerson resolveu então comprar uma canária para que o canário não ficasse sozinho.
O interessante é que dizem que canário da terra não cruza com canária do reino, mas ali foi à prova que tudo é modificado, talvez por estar só,com pouquíssimo tempo de permanência juntos, uma ninhada da mistura entre reino e terra estavam voando em outras gaiolas.
Com isso aumentava cada vez mais os canários do senhor Gerson, e ali era uma verdadeira orquestra de refino.
As canções dos pássaros ressoavam por toda a vizinhança e que filarmônica para se ouvir.
Durante, seis anos o senhor Gerson manteve aqueles afazeres, canários, poucas galinhas e a pequena horta de couve, almeirão e jilós.
Depois de tempos é que vim saber por que o senhor Gerson mantinha, as galinhas e a hortinha de verduras.
Ele me disse um dia que as galinhas eram para por ovos, para cozinhar pros canários e a horta de três verduras também era para alimentar os canários.
Foi então que percebi que ele estava certíssimo, ovos, couve,almeirão e jiló são fortificantes para canários, principalmente do reino.
Ali naquele casarão tinha de fato alegria com o cantar dos pássaros, acho eu que por isso o senhor Gerson era de fato feliz.
Nem eu nem ninguém jamais ouvimos o senhor Gerson dizer que a vida era ruim ou triste, ele tinha sempre um sorriso estampado no rosto.
No ano de dois mil enove o senhor Gerson começa então tossir muito e raspar com excesso a garganta,e a cada dia que passava a tosse e o aranhar da goela aumentava.
Com os acontecimentos o senhor Gerson foi internado por duas vezes seguidas, o medico disse que ele deveria parar de fumar, pois poderia perder a vida a qualquer momento.
Vicio desgraçado, tinha ele fumado a vida toda, desde criança e agora não estava sendo fácil deixar o vicio, ainda sabendo que o cigarro estava por levar sua vida, mesmo assim continuava fumando, não muito como antes.
Bem pela manhazinha o raspar da garganta do senhor Gerson misturava com a balada dos canários e o cantar do galo.
Ele chegava até a sacada e dava um arranhão em sua goela, de onde retirava um catarro muito grosso como se fosse um pus, atirando ao terreiro de galinhas.
Cena triste aquela, o homem com muitos ferimentos por garganta abaixo e alem disso sozinho na vida, começa ali então o findar daquela vida.
Mas suas aves ainda sim o distraiam.
Já no final do ano dois mil e dez, novamente em crise o senhor Gerson é internado e não volta mais com vida para sua morada.
Havia naquela varanda e por toda a casa, para mais de cinqüenta gaiolas, além dos dois viveiros com as fêmeas.
O separado do quintal com bastante galinha e do outro lado a hortinha de três verduras de folhas.
Passado se dias vem então o dono da casa de animais pegarem os passarinhos e as galinhas, alguém deve deter vendido a ele, não fiquei sabendo, sei que foi uma loucura sair com tanta gaiola de dentro do casarão.
Mas ao ir pegar à gaiola do canário da terra àquele do moirão, sem querer o rapaz deixa-a cair abrindo se a porta soltando-o, partindo em vôos ao telhado da tapera.
Com o passar dos dias ele arrumou uma nova companheira e continua residindo no velho telhado da casa velha.
Por varias vezes tentaram pegarem o canário do moirão como ficou chamado, até hoje não conseguiram.
Dois anos se passou após o falecimento do senhor Gerson e o canário do moirão continua aqui na velha morada.
Este ano tomaram a iniciativa de reformar o casarão, modificando completamente, mas o canário não quer nem saber enquanto eles reformam a tapera ele e sua senhora continua voando de antena a antena.
Mas das quatro às sete da manhã, o canário vai até a janelado quarto aonde o senhor Gerson dormia e abre o canto sem parar.
E ao entardecer o canário canta no barrote da varanda até escurecer isso já faz dois anos, o canário do moirão esta sempre ecoando seu cantar, agora parece que muito triste e todos de minha rua percebem, ainda comentam.
Hoje de manhã mesmo eu ainda deitado ouvia o canto triste do canário e me recordei do senhor Gerson,ali na varanda alimentando o seus.
Percebi então no canto daquele pássaro que ele também tem saudades e é por isso que seu hino já não é mais alegre, como do mesmo modo.









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