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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ainda com minha charrete

Ainda com minha charrete.
      Em 1989, eu voltei para minha terra de onde nunca deveria ter saído.
Retornando a minha terra natal, sem dinheiro, ficando assim praticamente nas costas de meus pais, que me davam de um tudo, comida ate mesmo o maldito cigarro que fumava.
Pois bem, meu pai



Trabalhava de pedreiro e fui então ajudá-lo ate que eu pudesse conseguir um emprego um pouco mais digno.
Eu pensava assim, mas dignidade não são emprego bom e sim caráter, depois de tempo descobri esse, o que mais importa é estar trabalhando e não buscar aqui e ali o aperfeiçoar, as coisas podem melhorar naquilo em que se esta fazendo, seja qualquer coisa mesmo, basta ter paciência e perseverança.
Mas meu pai mesmo dizia que temos que lutar sempre, para conseguir o de bom para vida.
Então como tinha voltado da capital e estava trabalhando agora com meu pai de servente e como é serviço pesado!
E com aquela pobreza lascada em que me encontrava não tinha muita ação para reagir e seguir outro caminho.
Nem mesmo tempo tinha para pensar no que fazer, foi quando sem mais sem menos ergui a cabeça e fui à busca de um novo emprego.
E não é que consegui uma coisa muito besta que ninguém acharia que eu ia me sair bem, mas foi o começo de minha melhoria, para vida de sucesso que agora tenho.
Então conheci um senhor, que tinha uma charrete com um cavalo muito bom e este senhor queria vender, o arreamento completo.
Um súbito pensamento surgiu em mim, vou perguntá-lo se quer- me vende-la a e dar-me um tempo para paga-lo, mas por outro lado também pensei!
O que fazer com uma charrete arreada?
Como meu pai e eu vivíamos trabalhando nas construções, via o resto de madeira que sobrava no final do trabalho.
Como também eu via os oleiros comprando lenha para queima dos tijolos e na época não era assim muito barato.
Veio então a idéia de comprar a charrete, se o senhor me vendesse a prazo é claro.
Estava resolvido se eu a comprasse iria trabalhar catando lenha aqui e ali, como existem muitas construções e sempre restam no final do acabamento pedaços de madeiramento, passaria a pedir e levaria para meu quintal, quando desse uns vinte metros ia vender para os oleiros.
Tomei coragem e fui falar com o senhor proprietário da charrete, no começo ele não queria muito vender-me, mas quando disse de quem era filho, ele foi prontinho e me deu seis meses de prazo para o pagamento.
O começo de minha prosperidade, eu agradeço a Deus e depois aquele senhor que confiou em mim.
Pois bem comecei juntando todo tipo de madeira restante e fui amontoando no quintal, tinha pessoa que arrazoava dizendo que eu estava louco.
Nem importava um pouco com aquilo, ao fazer a primeira lotação de vinte metros, vi de perto o salário de dois meses e meio trabalhado de servente e gastei pouco mais de uma semana, sendo que trabalhava de segunda a sexta-feira no máximo três horas na parte da manhã e três na parte da tarde.
Trabalhava por seis horas mais ou menos por dia porque tinha que deixar o cavalo por nome de brioso descansar, tomar água e comer.
Com uns dois meses de trabalho todos de construção já sabiam que eu ia passar para pegar e limpar o local para eles, assim ainda me faziam o favor de amontoar tudo para mim.
Estava com conhecimento com toda classe de operários de construção.
Depois que paguei a charrete e não levei o seis meses para pagar, acho que foi com dois e meio mais ou menos isso.
Com um ano de trabalho comprei um caminhão a prazo e não deixei de catar com minha charrete o resto de madeiramento nas construções.
Com o caminhão dei trabalho para um motorista e um ajudante.
Eles iam buscar lenha no mato que vendiam e eu revendia aos oleiros, mas continuava com a charrete, meu começo de tudo.
Com três anos já havia comprado meu segundo caminhão e tinha então quatro empregados e agora já estava com um terreno quase pago.
Um caminhão continuava na lenha e o outro entregando vendas de tijolos por toda região.
No quarto ano eu tinha um vendedor de tijolos em toda região e ainda continuava com minha charrete na cata de resto de madeiramento, teve gente que me disse agora você tem caminhões porque não os coloque para pegar.
Primeiro porque dá custo e segundo não é em todos os locais que podem entrar caminhão grande, por isso continuo com minha charrete que por sinal é uma charrete nova e uma mula muito forte, quanto ao primeiro cavalo aluguei um pasto e vou de vez em quando dar uma olhadela, vive descansando e isso vai ser até sua morte.
No décimo primeiro ano já havia construído minha morada, uma frota de seis caminhões e uma pequena área onde montei duas olarias para que eu mesmo pudesse fabricar os tijolos de minha venda.
Hoje em dois mil e dez tenho um total de vinte e cinco caminhões e duas carretas transportando o progresso pelo Brasil e alguns país de nossa America.
Então como dizia meu pai, paciência e perseverança é o caminho e não importa o que faz,
No fim terá saída boa.
Quanto a mim ainda continuo catando resto de madeiramento nas construções, pois sei que estou ajudando nossa natureza e ela como sempre agradece e nos da sempre o retorno, por isso continuo ainda com minha charrete.



  

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