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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Coisas estranhas

Coisas estranhas

Meu pai chamava-se Quirino, chamava-se, pois em mil novecentos e noventa e sete, para ser exato dia dezenove de novembro.
No hospital de nossa cidade, ele falecia proveniente de um câncer do intestino.

Uns dizem que foi causado por uma chaga que tinha adquirido ainda na infância; sendo então picado por um barbeiro.

Já outros dizem que foi por ele ter fumado a vida toda, desde menino, ninguém sabe o certo que causou sua morte.

Mas eu, sei que todos nós os viventes temos que ter alguma doença ou passar por um dano no corpo, para que desocupemos a terra na hora certa e determinada por DEUS.

Por isso eu nunca me preocupei com nada que se refere à doença ou mesmo com um acidente que alguém sofra e venha expirar.



Nunca foi de chorar ou lamentar perdas de vidas, tenho uma certeza que após a passagem terrena continuaremos vivendo.

Não posso explicar essa graça que sinto em mim.

Por isso mesmo não derramei uma gota sequer, para que perdi aqui nessa existência.

Claro que no momento fico triste por dentro, mas também sei que foi melhor para aquele que ali se encontra deixando a vida do corpo.

Creio que se este foi bom aqui na terra, após a passagem; vai viver muito melhor, já aquele que não foi de bom grado terá um pouco de dificuldade, eu vejo assim.

Bem mas o que quero dizer é que há coisas estranhas mesmo no momento em que estamos deixando esta vida terrena.

Meu pai era um homem diferente, se assim posso dizer.

Ele não era totalmente santo, tinha seus defeitos e ruindades, como todos têm, mas havia nele um dom muito bom, eu acho.

Sabia como ninguém fazer pessoas serem alegres, mesmo em velório nunca deixava ninguém triste.

Em qualquer parte que ele se encontrava, fazia sorrir todos que ao seu redor estivesse.

Ate mesmo assistindo televisão, ele com seu jeito fazia diferença, pois como tinha visão fraca vidrava na tela e com sua boca aberta permanecia.

Com isso minha irmã dizia pai, vai engolir a TV.

Ele simplesmente dava uma olhada e continuava fitado no jornal.  

Para uns de nós aquilo era engraçado, mas para minha irmã, aquele jeito, tornava-se medo.

Ele tinha os olhos azuis com o céu e não tinha mais em sua boca um dente, então sendo ele banguela e afinando o olhar, com as pestanas dava mesmo diferença, era de foto esquisito aquilo.

Como ele também tinha quebrado o dedo minguinho, da mão direita, ficou um pouco torto, como que se fosse um anzol.

O dedo nunca se esticava, permanecia sempre arqueado.

E minha irmã, quando ia entrega a caneca de café para ele, dizia estica o dedo pai, isso é muito feio.

Então naquele dezenove de novembro quando ele faleceu, ao meio dia, foi eu, minha mãe, meu cunhado e minha ex-mulher, para o hospital, pois havíamos recebido o recado que ele não tinha suportado mais a vida terrena.

Lá chegando encontramos ele em uma pedra no velório do hospital, todo enrolado em lençóis brancos.

Eu notei que ele ainda estava quente e comentei que ele ainda não tinha feito a passagem.

Mas já era muito tarde, ali ele se encontrava com a boca aberta e os olhos azuis como o céu, bem arregalados.

Cheguei bem pertinho e passei a mão sobre seus olhos e pedi, para que fechasse, pois não ficavam bem, aqueles olhos vidrados, e ainda disse que colocaria medo nas crianças que fossem em seu velório.

Assim naquele momento ele fechou os olhos como que se tivesse grudados com cola.

Minha mãe ao ver aquilo então pediu para que ele também fechasse a boca e que era para lembrar-se da filha que tinha medo, assim também ele fechou a boca e parecia que mantinha um sorriso no rosto, muito alegre.

Ali vi então que ele tinha feito a passagem para o novo estágio de uma nova vida.

Dava se então a virada do dia dezenove para dia vinte de novembro, meia noite, um primo de meu pai chega perto ao caixão e vendo as mãos não apoiada uma sobre a outra, fala com ele.

Dizendo Quirino dá jeito de esticar esse dedo, esta horrível ele desse jeito.

Então sem mais sem menos o dedo minguinho de meu pai se esticou e as mãos se assentaram uma sobre a outra.

Se não tivesse testemunhas para esses acontecimentos, seria então a assombração de meu pai.

E desde aquele dia em diante eu sinto umas coisas estranhas, mas nem sei explicar o que é isso.

Sei que às vezes em meu quarto na hora de começar dormir, vejo vultos e ouço sons em meus ouvidos, mas como eu nunca me preocupei com isso, creio ainda que tudo seja ilusão de pensamentos.

Sei também que isso um dia passa como passa a vida de todos nós, por tanto fico alegre e ao mesmo tempo triste com esses acontecimentos.

Fico triste porque não tenho um domínio para distinguir o que é isso.

E fico alegre por saber que tenho esse dom diferente, de sentir e ver algo do não explicável.

Esses fatos podem ter vindo através, daquilo em que vimos acontecer naquele dia em que meu pai faleceu.

Com isso tenho na mente, aqueles acontecimentos e pode ser por isso que eu sinta estas coisas.

Mas não tenho medo, queria saber de fato se é ou não é meu pai, como pode também ser ilusão imaginaria de minha mente, mas perturba um pouco sim.

Peço a DEUS que me ilumine e dá-me entendimento para saber o que fazer com tais coisas que estão atrapalhando meu viver na terra.

Julga-me segundo a tua justiça senhor, DEUS meu, e não deixes que se alegrem de mim.
Envergonham-se e confundam-se os que se alegram com o meu mal.

Tu, senhor o viste, não te cales senhor, e não te alongues de mim

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