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terça-feira, 2 de agosto de 2011

ANOTAR DE MINHA INFÂNCIA.02/08/11

ANOTAR DE MINHA INFÂNCIA.
Ainda era um mulécote, sei lá, quantos anos eu tinha, naquele tempo.
Sei que naquela época, éramos bem pequenos e então como nós estávamos morando em uma chácara, por nome de Pavões.
E como aquela chácara me deixou saudades, a se eu pudesse voltar o tempo, quem sabe eu não mudaria tudo e não seria outra pessoa.
Quem sabe não estaria em outro lugar, ou mesmo levando uma vida bem diferente.
“São tantas perguntas às quais eu nunca terei respostas, então vou vivendo assim mesmo, sendo o que sou, mas é bom lembrar-se dos tempos atrás, onde, ali naquela chácara, meu pai nos infernizava a noitinha contando seus” casos do passado.
         E não era somente meu pai que tinha histórias para nos contar, nossa mãe também saia de vez em quando com uma das suas.
E “minha avó então quando ia a nossa casa, ficava até bem tarde da noite, contando seus” “casos” e eram causo muito comprido, que dava sono em todos nós.
A história nunca terminava, o resto do caso ficava para o outro dia.
Sabe! Tinha casinho que a vovó começava em um dia e terminava em outra vinda em casa, de tão comprido que era.



Meus irmãos diziam; “será que ela não vai terminar aquela história, que começou naquele dia?”  
Ah, mais não dava outra, quando a noite chegava e ali estávamos todos na cozinha.
Que era iluminada por uma lamparina, de óleo vegetal e água, ela começava desde o começo da história.
Sempre tinha um para lembrar que ela já tinha começado o caso, então ela ia um pouco mais adiante.
Mais continuava comprido, que nunca terminava e teve história que ela começou, nunca soubemos o fim.
Pois com a morte dela jamais terminou seus casos.

Outros também nos contavam seus casos, como um compadre de meu pai, sendo este padrinho de um irmão meu.
Bastava ter uma festinha ou mesmo um cadáver á espera de ser enterrado.
Ali estavam os contadores de casos e anedotas.
Também tinha um senhor por nome de Chico, este nunca saia lá de casa, estava sempre contando seus feitos ou suas façanhas e também era cheio de piadinhas.
Nós ficávamos ali sentados uma hora na sala, outra no terreiro, pois ele nunca chegava á nossa casa durante a noite, sempre ás tardinhas.
Como o Chico, havia mais uns que estavam sempre ali por perto.
Para nós que ainda éramos bem pequenos, aquilo era uma festa.
Nunca me esqueço do senhor Joãozinho, nós até chamávamos de tio.
Este era primo de meu pai, também primo de minha mãe, sendo, ele, filho; de uma tia de minha mãe; que era também tia do meu pai.
Sendo que meu pai e minha mãe são primos.
Meu pai é filho da irmã de meu avô, pai de minha mãe
E a mãe do senhor Joãozinho foi irmã de meu avô pai de minha mãe e também irmã de minha avó, mãe de meu pai.
Portanto eu e meus irmãos somos primos sendo de uma fonte de sangue única.
Também tinha um irmão de meu pai, a este sim aonde chegava não deixava ninguém triste, bastava à gente olhar nele para começar a sorrir.
E o Zumar então este foi muito esperto, até hoje ele conta as suas e pode estar onde estiver que tenta fazer todo mudo rir.
Zumar foi um homem trabalhador, mas gostava de tomar umas nos fins de semanas, até que um dia um automóvel atropelou-o em uma avenida da cidade.
E desde lá o homem nunca mais trabalhou ficou com um terrível buraco em sua cabeça, passou então a percorrer toda a cidade durante a noite.
         Se tiver um funeral então ali está ele, aprontando as suas, conta mil e uma, para não deixar ninguém muito triste, mesmo que seja em um luto.
Diz o Zumar que não se deve ficar triste nunca, pois ele esteve morto e voltou para a vida e agora por mais difícil que seja tem que viver bem e sorrindo sempre.
         Um dia, a pouco conversando com ele em um mercadinho da vila, perguntei por que é tão alegre.
Ele me fez outra pergunta se for triste vai viver mais!
Nem soube o que deveria responder á sua pergunta.
Com ele não tem tristeza mesmo, ali é só alegria.
Não me esqueço também do Guérino, este foi um senhor que nos alegrou muito em nossa infância.
         Por todos os lugares que moramos ali estavam os contadores de casos piadas e as façanhas que cada um fazia.
Peruca?   
Ah este era de mais, além de contar as suas ele era daquele que colocava tudo no chão rabiscando.
E o Zico então, o danado fazia sinais com seus gestos de expressão rosto e braços e os olhos fechadinhos como os de um japonês.
Hoje fico em meu canto e me lembrando da minha infância que foi boa, mas poderia ter sido melhor seu eu tivesse escutado alguns.
Cabeça de burro não tem chifre, para se defender, os coices de quem vem de lado.
E nem rabanadas atinge os que entram pela parte da barriga, pois o mosquito é bem mais rápido que a cauda.
         Eu também já com uma idade um pouco avançada, não que me considero um velhote, mais os anos passam e eu fui com eles.
         E como é bom lembrar tudo, principalmente das coisas boas, como também não é tão ruim assim lembrar-se das ruins.
As ruins são as que mais nos ensina, para uma vida melhor, então são boas as coisas boas e melhores são as ruins, uma coisa que achamos que é ruim, um dia se torna boa.
A coisa ruim nos transforma em seres melhores, basta querer e não as fazer mais.
         Lembro-me que tinha um sanfoneiro por nome Zé Fubá. Este nos divertia muito com sua sanfona nos fins de semanas, tocava duas ficávamos, uma hora contando seus longos trechos de vidas, claro que nós escutávamos, mas sabia que aquilo era um pouco de invenção.
Essa turma toda sempre tinha para nossos ouvidos longos casos e estes eram alegres e também tristes, nem sempre era somente de fazer sorrir.
Houve histórias que nos contaram que marcam e ficamos pensando; “será que isto aconteceu mesmo de verdade?”
As piadas pareciam que eram inventadas na hora, muitas histórias alucinantes de fato, que talvez acontecessem mesmo de verdade.
         Tinha umas piadinhas sem graças e outras bem engraçadas, uns casos muito malucos, mas tudo aquilo era muito bom.
Hoje fico olhando esses meninos e fico a imaginar como os tempos mudaram, um pouco melhor talvez, mais em compensação, ha muito mais coisas ruins do que boas.
De cada dez mancebos nove saem com um problema em suas vidas, também vejo que não é somente na classe de desprovidos e sim em geral.
         Os mancebos e as mancebas se tornam adultos depois que dão muito trabalho aos seus. 
No nosso tempo não e nem tinhamos tempo largado para muita coisa, começamos cedo a batalhar e ajudar os nossos em suas lutas diárias.
E quem achar que foi ruim nossa vidinha, está muito enganado, pergunte algum dos sete irmãos se faltou à infância dentro da vida.
Claro que não tinhamos o que tem os de hoje, mas vivíamos bem e agora depois de maduros sabemos disso.
         Eu tenho irmão e irmã que já tem os teus filhos e os educou como nossos pais nos educaram, agora viram que nossos pais estavam certos.
Também tenho irmão e irmã que deixou os filhos seguirem seus caminhos educando os, mas sem aquela agilidade de nossos pais.
Os mesmos deram muito trabalho ate o formato de um homem e uma mulher.
Então vejo que de maneira nenhuma foi ruim nossa infância, tiro a conclusão por ver os filhos de ninguém.
E essa conclusão é por ver que todos os criadores de criaturas tornaram se em ninguém, pois vivem aceitando o que vem de outros.
         Estes outros que trazem as piores coisas que um jovem tem a passar.
E pensam que isto eu não ouvi ainda criança, estão enganados, meus avôs e meus pais nos disseram.
         Lembro que minha avó, ou melhor, a avó de meus pais, que era minha bisavó contou para meus avôs.
Dizia ela um dia vocês verão que os adultos trarão para as crianças, coisas imbecis que elas não conseguiram exterminar de seus corpos.
E agora vejo que o que ela estava dizendo aconteceu mesmo de verdade.
Não vê o que estão fazendo com os pequeninos, sem a devida proteção necessária, para que eles não encontrem de frente o que há de pior.

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